quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Os Mártires e o Ecumenismo






Estamos no ano em que se comemora meio século do funesto Concílio Vaticano II.

Funesto pela sua origem. Funesto pelos seus frutos.

Entre diversos frutos perversos deste maldito Concílio, vamos hoje, enumerar somente um. Esse talvez seja o mais escandaloso: O ecumenismo.

Lembremo-nos primeiramente sobre o que diz o Santo Apóstolo:

“Os deuses dos pagãos são Demônios”; “Não quero que tenhais comunhão com os Demônios”.

E diante destas palavras como reagimos diante dos frutos deste Concílio? A encíclica Nostra Aetate, que saiu deste Concílio, nos diz para nos unirmos com os pagãos!

O que dizer dos encontros de Assis feitos por João Paulo II e Bento XVI?

O Concílio Vaticano II é contra a Doutrina Católica! É contra o Apostolo São Paulo! É Contra os mártires que derramaram seu sangue, deram suas vidas simplesmente por não aceitarem nenhum tipo de comunhão com os deuses pagãos.

Vejamos esse vídeo e tomemos nossa posição.
   
Ou somos a favor do Concílio Vaticano II ou somos a favor da Igreja de Sempre, Católica Apostólica Romana, herdeira dos mártires, santos e doutores.

Ser ecumênico é desprezar e cuspir no Sangue dos mártires que deram sua vida por Nosso Senhor.

Ser Católico e ecumênico ao mesmo tempo é impossível. 






Créditos do vídeo: Apostolado NªSrª do Rosário - A Glória do Martírio


Autobiografia de Santo Antonio Maria Claret


Capítulo VIII
Mudança para Barcelona

56. Desejoso de progredir nos conhecimentos da arte têxtil, pedi a meu pai que me enviasse para Barcelona. 48 Meu pai concordou, acompanhou-me até lá. Eu mesmo, a exemplo de São Paulo, ganhava com minhas próprias mãos o que necessitava para minha alimentação, vestuário, livros e para pagar os estudos, etc. A primeira coisa que eu fiz foi apresentar uma solicitação à direção da Casa Lonja a fim de ser admitido nas aulas de desenho; consegui e aproveitei bastante. 49 Quem diria, o desenho que aprendia para a arte têxtil, Deus queria que o usasse para a religião! Na verdade, muito me tem servido para ilustrar o catecismo e assuntos místicos.

57. Além do desenho, comecei a estudar gramática castelhana e francesa, orientando todos os estudos para o objetivo de progredir no comércio e na fabricação.

58. De tudo que já estudei e de tudo a que me dediquei durante a vida, nada assimilei tão bem como a arte têxtil. Na casa em que trabalhava, havia livros de amostras que a cada ano eram publicados em Paris e Londres, e adquiridos para estarem atualizados.50 Deus me dera tanta inteligência nessa arte que, ao analisar uma amostra qualquer, no mesmo instante armava o tear com os traços desejados, conseguindo o mesmíssimo resultado; e mais: se o dono preferisse, fazia outros ainda melhores.

59. No princípio, senti certa dificuldade. Porém, com aplicação dia enoite, tanto em dia de trabalho como em dia de festa, (no que era permitido, como estudar, escrever e desenhar), daí tirei muito proveito. Oxalá me tivesse aplicado assim à virtude. Como seria outra pessoa! Quando depois de muitas tentativas acertava a decomposição e composição da amostra, sentia uma alegria tão grande, tal satisfação que andava pela casa como louco de contente. Tudo isso aprendi sem professor; antes, pelo contrário, ocultavam-me o processo, em vez de me ensinarem o modo de entender as amostras e sua reprodução.

60. Certa vez, perguntei ao gerente da fábrica como se poderia reproduzir a amostra que tínhamos em mãos, se desta ou daquela maneira. Ele pegou o lápis e determinou a composição do tear.Silenciei e lhe disse apenas que não levasse a mal, mas estudaria em casa a amostra e o esquema que traçara. Poucos dias depois, apresentei-lhe o desenho do esquema necessário para realizar a amostra, fazendo-o notar, simultaneamente, que o esquema que ele traçara não teria como resultado a produção da amostra, mas outra coisa que lhe indiquei. O gerente ficou admirado ao ver os desenhos e ao ouvir as razões e explicações. 51

61. Depois desse dia, valorizou-me muito. Levava-me a passeio junto com seus filhos. Realmente, muito me ajudaram sua amizade, suas orientações e seus princípios, pois, além de ser homem bastante instruído, era esposo fiel, bom pai de família, bom cristão, um monarquista por princípios e convicções. Muito me ajudaram também as lições dadas por esse senhor, pois em Sallent, minha cidade, até o arque se respirava era constitucional. 52

62. Com relação à fabricação, não só saí bastante habilidoso no domínio das amostras, como disse, mas também bastante prático na composição do esquema do tear. Assim, alguns trabalhadores pediam-me o favor de lhes preparar o tear, pois não conseguiam acertá-lo. Eu os atendia com alegria, por isso me respeitavam e me queriam muito bem.

63. A fama da habilidade para a arte têxtil que o Senhor me dera espalhou-se por toda a Barcelona. Daí é que alguns senhores chamaram meu pai e lhe apresentaram o plano de formarmos uma sociedade e instalarmos uma fábrica por nossa conta. Essa idéia agradou muitíssimo a meu pai, pois seria uma oportunidade para desenvolver a fábrica que já possuía. Falou-me das vantagens que disso resultaria e a fortuna que me esperava.

64. Porém, como são inescrutáveis os juízos de Deus! Mesmo estando tão entusiasmado com a fabricação e, mesmo tendo feito muito progresso, não consegui decidir-me. Sentia interiormente uma repugnância em fixar-me e fazer com que meu pai assumisse compromissos. Disse-lhe que me parecia um tanto cedo para tal empenho, pois eu era muito jovem.Além do mais, sendo de baixa estatura, os trabalhadores não me respeitariam. Respondeu-me que não me preocupasse com isso, pois outro governaria os trabalhadores; eu teria que me ocupar somente da parte diretiva da fabricação... Também me escusei, dizendo que depois veríamos, que no momento não me sentia inclinado. Na verdade isto foi providencial. Francamente, eu nunca me opus aos desígnios de meu pai. Esta foi a primeira vez em que eu não fiz a sua vontade; e foi porque a vontade de Deus queria outra coisa de mim: queria que eu fosse sacerdote e não fabricante, embora nessa época não tivesse idéia clara de tal chamado. 53

65. Nesse momento da minha vida, cumpriu-se em mim aquela passagem do Evangelho na qual os espinhos sufocaram o bom trigo. 54 O contínuo pensar nas máquinas, nos teares e nas composições me deixava tão absorto que não conseguia pensar em outra coisa. Ó meu Deus, quanta paciência tivestes para comigo! Ó virgem Maria, até mesmo de vós havia momentos em que me esquecia! Misericórdia, minha mãe!


Capítulo IX
Motivos para deixar a fabricação.

66. Nos três primeiros anos em que estive em Barcelona, esfriou muito em mim o fervor espiritual que sentia quando estava em minha terra natal. 55 É verdade que recebia os santos sacramentos algumas vezes ao ano, que todos os dias de festa e de preceito participava da missa e diariamente rezava a Maria santíssima o santo rosário e algumas outras devoções; porém não eram tantas nem tão fervorosas como antes. Todo o meu objetivo, todo o meu afã era a arte têxtil. Por mais que o diga, não o salientarei bastante; era um delírio o que eu sentia pela fabricação. E quem haveria de dizer que essa afeição tão extremada era o meio de que Deus se havia de valer para arrancar-me do amor à fabricação?

67. Nos últimos tempos de Barcelona, tal era minha afeição à arte têxtil que, ao participar da santa missa nos dias de festa e preceito, fazia um grande esforço para afastar estes pensamentos. Mesmo sentindo prazer em pensar e falar sobre a fabricação, não queria que isso acontecesse durante a missa e demais devoções. Procurava afastar os pensamentos, prometia a mim mesmo que depois me ocuparia disso e que no momento queria pensar na oração. Meus esforços eram inúteis. Era como tentar parar de repente uma roda em alta velocidade. Durante a missa, para meu maior tormento, surgiam idéias novas, descobertas, etc. De tal modo que, durante a celebração, tinha mais máquinas na minha cabeça do que santos no altar. 56

68. Em meio a esta barafunda de coisas, enquanto participava da santa missa, lembrei-me de ter lido quando pequeno aquelas palavras do Evangelho: Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vier a prejudicar a sua vida? 57 Esta frase causou-me profunda impressão; foi para mim uma seta que me feriu o coração. Eu pensava e refletia sobre o que haveria de fazer, porém não acertava.

69. Encontrei-me como Saulo a caminho de Damasco. Faltava-me um Ananias que me dissesse o que devia fazer. Procurei o irmão Paulo 58 na“Casa de San Felipe Néri”; relatei-lhe minha situação. Ele escutou-me com muita paciência e caridade e disse-me com toda humildade: Meu senhor, sou um simples irmão leigo; não sou eu quem há de aconselhá-lo; eu o acompanharei a um padre bastante sábio e muito virtuoso e ele lhe dirá o que deve fazer. Apresentou-me então ao padre Amigó! Este ouviu-me e louvou minha resolução. Aconselhou-me que estudasse Latim e eu obedeci. 59

70. Despertaram em mim os fervores de piedade e devoção, abri os olhos, e me certifiquei dos perigos corporais e espirituais pelos quais passara. Relatarei brevemente alguns. 60

71. Naquele último verão, a santíssima Virgem preservou-me do afogamento no mar. Como trabalhava muito, no verão passava muito mal.Perdia completamente o apetite. Encontrava algum alívio indo ao mar: lavava os pés, tomava alguns goles de água. Certo dia, fui ao Mar Velho, depois da Barceloneta. Estando na praia, o mar de repente se agitou e uma série de grandes ondas me carregou; sem esperar, estava mar adentro. Fiquei admirado ao ver-me flutuando sobre as ondas, mesmo sem saber nadar. Depois de invocar Maria santíssima, encontrei-me novamente na praia, sem que em minha boca tivesse entrado uma gota de água sequer. Enquanto estava na água sentia a maior serenidade; depois, ao encontrar-me na praia, horripilava-me ao pensar no perigo de que havia escapado por intercessão de Maria santíssima. 61

72. Maria santíssima me livrou também de outro perigo ainda maior, semelhante ao do casto José. Encontrando-me em Barcelona, ia alguma vez visitar um conterrâneo meu. Não falava com ninguém da casa a não ser com ele. Ao chegar, dirigia-me ao seu quarto e conversava unicamente com ele. Porém, viam-me sempre entrar e sair. Eu era então jovenzinho e, se bem é verdade que eu mesmo ganhava minha roupa, gostava de vestir, não digo com luxo, mas sim com bastante elegância, talvez demasiada. Será que Deus me pedirá conta disso no dia do juízo? Um dia, fui à mesma casa e perguntei pelo amigo. A dona da casa, que era uma senhora jovem, disse-me que o esperasse, pois estava para chegar. Esperei um pouco e logo percebi a paixão daquela senhora, que se manifestou com palavras e ações. Eu, depois de invocar Maria santíssima, e lutando com todas as minhas forças, escapei de seus braços, saí correndo da casa sem nunca mais voltar e sem dizer a ninguém o que havia ocorrido, a fim de não prejudicar sua honra. 62

73. Deus dava-me todos esses golpes para me despertar e livrar-me de todos os perigos do mundo; porém foi preciso ainda um outro mais forte. Aconteceu o seguinte: Um jovem de minha idade convidou-me para que abríssemos um negócio em sociedade. Concordei com a proposta.Iniciamos com investimentos na loteria. 63 Tínhamos bastante sorte.Como eu estava sempre tão ocupado, podia apenas ser o depositário. Ele adquiria os bilhetes e eu os guardava. No dia do sorteio eu lhe entregava os bilhetes e ele me dizia quanto havíamos ganhado. E como tínhamos muitos bilhetes, em cada jogada, ganhávamos somas consideráveis. Separávamos o que era necessário para comprar mais bilhetes e o restante era colocado a juros nas mãos de comerciantes, as eis por cento, com os recibos correspondentes. Eu guardava os recibos. Tudo o mais corria por conta do meu companheiro.

74. Já eram muitos os recibos e a soma era considerável. E eis que, certo dia, veio dizer-me que um de nossos bilhetes fora premiado com 24.000 duros, mas que, quando ia fazer a cobrança, perdera o bilhete.E falava a verdade ao dizer que o havia perdido, pois o colocara no jogo e o perdera. E não só perdeu aquele bilhete, mas também foi ao meu quarto, na minha ausência, arrombou o meu cofre e levou consigo todos os recibos da sociedade, que estavam ali guardados. Além disso, carregou todo o meu dinheiro particular. Levou também consigo os livros e a roupa, e penhorou tudo numa loja de objetos usados. Perdeu tudo no jogo. Finalmente, desejoso de se ressarcir, não tendo mais o que jogar, desesperado, foi a uma casa na qual tinha entrada, levou as jóias de uma senhora e as vendeu. Foi ao jogo e também perdeu.

75. Entretanto, a senhora achou falta de suas jóias e pensou que aquele fulano as havia roubado. Denunciou à autoridade policial.Prenderam o ladrão, que confessou seu delito; foi condenado a dois anos de prisão. É impossível explicar o golpe que me deu este contratempo, não por ter perdido os bens, apesar de muitos, mas pela perda da honra. Pensava: Que dirão as pessoas? Vão pensar que tu eras cúmplice dos seus jogos e roubos. Ai! Um companheiro teu na cadeia, na prisão! Era tanta confusão e vergonha que mal me atrevia sair à rua. Parecia que todos os olhares se voltavam para mim, falavam de mim e se referiam a mim.

76. Ó meu Deus! Como fostes bom e admirável para comigo!… De que meios tão estranhos vos valestes para me arrancar do mundo!… Que bebida amarga usastes para livrar-me da Babilônia! E a vós, minha mãe, como poderei agradecer-vos por me terdes preservado da morte, tirando-me domar? Se naquele lance me tivesse afogado, como naturalmente teria acontecido, onde me encontraria agora? Vós o sabeis, ó minha mãe! Sim, no inferno me encontraria, e em lugar muito profundo, por minha ingratidão. Assim como Davi, devo exclamar: Misericórdia tua magna est super me, et eruisti animam meam ex inferno inferiori: Vossa misericórdia foi grande para comigo, arrancastes minha alma das profundezas da região dos mortos.64

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Balanço de 2012 e perspectivas para 2013



Mais um ano que termina. Mais um ano começa. É o momento oportuno para analisar o ano o que passa e para fazer planos e propósitos para o ano que começa.

O ano de 2012 foi de bastante luta, batalhas e polêmicas travadas contra padres e leigos de diversas partes do país.

O motivo? A Igreja de sempre, a doutrina de sempre, a Missa de Sempre contra a nova Igreja, a nova doutrina, a nova missa e a nova religião.

Batalha difícil onde as armas usadas contra nós foram a calunia, difamação, chantagem e o “terrorismo psicológico” com os fiéis que pensam em aderir a Tradição Católica.

Aqueles que combatem a Tradição da Igreja em favor da nova religião fundada pelo Concílio Vaticano II e que tem como culto a protestante nova missa são os próprios católicos. Mas não os verdadeiros católicos, mas sim os liberais.

O que quer dizer “católico liberal”? Os católicos liberais são aqueles que agem como Pôncio Pilatos. Ele reconhece a inocência de Nosso Senhor Jesus Cristo e que aqueles que o acusam e o querem matar são injustos e invejosos. Por cinco vezes reconhece a inocência de Nosso Senhor. Mesmo assim não O solta; chama Barrabás a quem sabe ser um malfeitor e assassino; solta o culpado e condena o Inocente. Mesma atitude dos liberais (que geralmente pensam que estão agindo bem). Vão à missa aos domingos, falam de Jesus, de Deus, mas pecam livremente; são amantes de suas más vidas, más inclinações; não querem mudar de vida. Não querem ter uma vida onde seja Nosso Senhor o Rei e Senhor; Aquele que tem todo o poder sobre nossas vidas. Querem ser católicos, mas somente dentro de casa. Nada de ser católico na vida social, na de catolicismo na rua. Gritam como os judeus: “Ele não é nosso Rei. Não temos outro rei senão César”.

Chamam-nos de fanáticos. O que quer dizer fanático? Pergunte isso a um padre moderninho ou a um leigo de qualquer paróquia. Não saberão responder. Mas se eles vissem na rua um São Francisco de Assis ou São Domingos de Gusmão? Que diriam se vissem em alguma paróquia padre como São João Bosco ou São João Maria Vianney? Se houvesse nas dioceses bispos como Santo Afonso de Ligório, São Carlos Borromeu ou São Francisco de Sales? Papas como São Gregório VII, São Pio V ou São Pio X? Certamente seriam chamados de fanáticos, fundamentalistas ou loucos. Por quê? Por que o mundo pensa, fala e age diferentemente dos católicos. Os católicos não se conformam com esse mundo segundo a palavra do Santo Apóstolo: “Não vos conformeis com esse século”; em outro lugar: “Quem se faz amigo do mundo torna-se inimigo de Deus”.

Os católicos liberais (bispos, padres ou leigos, conscientes ou não) são inimigos de Deus por que compactuam com o mundo e seu príncipe, o Demônio. Eles, conscientes ou não, combatem a Igreja de Deus edificando uma nova religião quem tem como deus o homem; nova religião que tem como culto a nova missa.

O fanático quer impor sua ideia. O católico procura persuadir seu interlocutor até convencê-lo. Se não consegue, fez sua obrigação. Jamais impõe nada a ninguém.

Ora, o que fazem esses homens, promotores da nova religião e da nova missa, com os fiéis? Impõem as novas e heréticas doutrinas do ecumenismo, do comunismo e da liberdade religiosa, que triunfaram do maldito Concílio Vaticano II, aos fiéis e as paróquias de todo o mundo.

Esses são os fanáticos que impedem a Igreja de sempre de continuar crescendo e dando frutos para a maior glória de Deus (a nova religião não dá nenhuma glória a Deus).

Esse é o combate travado Betim, em Contagem, Belo Horizonte, Ipatinga, Sete Lagoas e em toda Minas Gerais.

O jogo sujo feito pelos padres, em sua maioria, é tipicamente o jogo do inimigo em que não mostra a cara jamais. Tentam nos comprar por ninharia: “Aceitem a nova missa e o Concílio Vaticano II e então terão a Missa que querem”; “retirem dos blogs os ataques”, etc.
Esse foi o roteiro do ano que passou.

Como será o que começa?

Certamente de muito combate! Muita luta como o que passou.

Continuaremos o combate contra a falsa religião nascida do Concílio Vaticano II e seus funestos frutos.

Não faremos nenhum tipo de acordo. Com o inimigo não se faz acordo. Continuaremos a tentar persuadir os fiéis a acordarem e deixarem cair as escamas que os impedem de ver a Verdade.

Continuaremos a suplicar a Nossa Senhora, que Sozinha esmagou a cabeça da serpente infernal, ou seja, todas as heresias nascidas no Concílio Vaticano II, que nos dê força, coragem, sabedoria, paciência, perseverança, humildade, para não desfalecermos pelo caminho.

São José, patriarca e protetor da Santa Igreja,

Rogai por nós.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Autobiografia de Santo Antonio Maria Claret


Continuação da Primeira parte

Capítulo IV
Primeira educação

22. Tinha somente seis anos de idade quando meus queridos pais me mandaram à escola. Meu professor de primeiras letras foi o padre Antônio Pascual, 24 homem muito ativo e religioso; nunca me castigou nem repreendeu. Também procurava não lhe dar motivo para isso; eu era sempre pontual, assistia sempre às aulas, levando as lições sempre bem estudadas.

23. Aprendi o catecismo com tanta perfeição que o recitava sempre que queria, do início ao fim, sem nenhum erro. Outros três meninos também o aprenderam; o catequista nos apresentou ao pároco, padre José Amigó, 25 que fez os quatro recitarem o catecismo em dois domingos seguidos. Na igreja, na presença do povo, nós o recitamos sem nenhum erro. Como prêmio deu a cada um de nós um bonito santinho que guardamos com carinho.

24. Depois de ter aprendido bem o catecismo, mandou-me ler Pinton, Compêndio da História Sagrada. 26 Suas passagens me ficaram tão impressas na memória, que depois as contava com tranqüilidade.

25. Meus pais eram muito bons, juntamente com o professor de primeiras letras, trabalharam na minha formação intelectual baseada no amor à verdade, cultivavam também em meu coração a prática da religião e de todas as virtudes. Meu pai, todos os dias, depois do almoço, me fazia ler um livro espiritual e à noite ficávamos um tempo juntos, à mesa; ele sempre nos contava alguma coisa edificante e instrutiva, até a hora de dormir.

26. Tudo que me ensinavam e explicavam meus pais e meu professor eu o entendia perfeitamente, mesmo sendo muito criança; o que não entendia era o diálogo do catecismo, que o recitava muito bem, mas como um papagaio. Contudo, reconheço agora o bom que é sabê-lo de cor. Mais tarde, sem saber como, sem falar daquelas matérias, vinham-me à mente e compreendia as grandes verdades que eu dizia e recitava sem entendê-las, e me dizia: Oba! Isto quer dizer isto e isto! Como era ingênuo e não entendia. Do mesmo modo que os botões das rosas que com o tempo se abrem e, se não há botões, não podem existir rosas, assim são as verdades da religião: se não houver instrução através do catecismo, haverá ignorância completa em matéria de religião, mesmo nos homens que se passam por sábios. Quanto me serviu a instrução do catecismo e os conselhos e ensinamentos dos meus pais e professores...!

27. Um dia, estando sozinho na cidade de Barcelona, como direi oportunamente, ao ver e ouvir coisas más, lembrava-me do que aprendera e dizia: Isso é mau, deves evitá-lo. Deves antes dar crédito a Deus, aos pais e ao professor e não a esses infelizes que não sabem o que dizem nem o que fazem.

28. Meus pais e meu professor me instruíram, não só nas verdades em que devia crer, mas também nas virtudes que devia praticar. Com respeito ao meu próximo, diziam-me que nunca deveria desejar ou pegar o que é de outrem. Quando encontrava algo, faziam-me devolver ao seu dono. Um dia, ao sair da escola, na rua da minha casa, encontrei no chão uma moeda de pouco valor, peguei-a pensando em devolvê-la ao dono e, não vendo ninguém na rua, pensei que tivesse caído de algum balcão da casa em frente; subi à casa, perguntei pela dono da casa e entreguei-lhe a moeda. 27

29. Educaram-me de tal maneira na obediência e resignação que sempre estava contente com o que eles me faziam, dispunham e me davam, tanto no vestir como na alimentação. Não me recordo ter dito alguma vez: Não quero isto, quero aquilo! E estava tão acostumado que, depois quando sacerdote, minha mãe, que sempre me amou muito, me dizia: Antônio, gostas disto? Eu lhe dizia: O que a senhora me dá, sempre eu gosto. - Porém, sempre há coisas que apreciamos mais que outras. - As que a senhora me dá são as de que eu gosto, mais que todas. Assim morreu sem saber o que materialmente me agradava mais. 28


Capítulo V
Trabalho na fábrica

30. Eu era pequeno, quando ainda estava na fase de alfabetização, ocasião em que um inspetor, ao visitar a escola, me perguntou o que gostaria de ser. Respondi-lhe que desejava ser sacerdote. 29 Tendo terminando com perfeição o primário, puseram-me nas aulas de Latim. O professor era um sacerdote muito bom e sábio, chamado João Riera. 30 Com ele aprendi ou decorei nomes, verbos, gêneros e alguma coisa mais. Como as aulas foram encerradas, não pude estudar mais o Latim e fiquei assim.

31. Como meu pai era fabricante de fios e tecidos, colocou-me na fábrica para trabalhar. 31 Obedeci sem dizer uma palavra, sem fazer cara feia e sem manifestar contrariedade. Pus-me a trabalhar o quanto podia, sem ter jamais manifestado preguiça ou má vontade. 32 Fazia tudo da melhor forma que sabia para não causar aborrecimento em nada a meus queridos pais, pois os amava muito e eles também a mim.

32. O sofrimento maior era quando meus pais tinham que repreender algum funcionário que não tinha executado bem o seu trabalho. Estou certo de que sofria muito mais do que o repreendido, pois tenho um coração tão sensível que, ao presenciar o sofrimento de alguém, fico profundamente condoído, mais do que a própria pessoa que sofre.

33. Meu pai fez-me passar por todos os tipos de trabalhos da fábrica de fios e tecidos. Por uma longa temporada, colocou-me, juntamente com outro jovem, para dar a última demão aos trabalhos que os demais faziam. Quando tínhamos de corrigir alguém, dava-me muita pena; contudo, antes observava se havia no trabalho executado, alguma coisa que estivesse bem-feita. Então eu começava por este detalhe e o elogiava, dizendo que tal obra estava bem feita, só que tinha este e aquele defeito, mas que, uma vez corrigidos esses senões, teríamos uma obra perfeita.

34. Eu agia assim sem saber o porquê. Com o tempo, soube que era por uma especial graça e bênção de amabilidade que o Senhor me concedera. Assim os trabalhadores sempre recebiam com humildade a correção e se emendavam. O outro companheiro, melhor que eu, mas que não possuía o mesmo espírito de amabilidade, quando tinha que corrigir, incomodava-se, repreendia-os com aspereza, eles ficavam aborrecidos e às vezes nem sabiam em que haviam de emendar-se. Ali aprendi o quanto convém tratar a todos com amabilidade e agrado, mesmo os mais rudes! E é verdade que se tira melhor vantagem agindo com doçura do que com aspereza e mau humor. 33

35. Ó Deus meu! Como tendes sido bom para comigo! Levei muito tempo até conhecer as muitas e grandes graças que me confiastes. 34 Fui servo inútil, que não fiz crescer o talento a mim confiado. Porém, Senhor, dou-vos minha palavra que trabalharei; tende um pouco de paciência comigo; não me retireis o talento; eu o farei render; dai-me vossa graça e vosso divino amor, e prometo que trabalharei.


Capítulo VI
Primeiras devoções

36. Desde muito pequeno, me senti inclinado à piedade e à religião. Todos os dias de festa e de preceito participava da santa missa e nos demais dias sempre que podia. Comumente, nos dias festivos participava de duas missas: uma rezada e outra cantada. A esta, ia sempre com meu querido pai. Não me recordo de ter brincado ou conversado na igreja. Antes, pelo contrário, estava sempre bem recolhido, modesto e tão devoto que, comparando meus primeiros anos com os dias de hoje, me envergonho, pois com grande humilhação digo que atualmente não tenho a mesma atenção e o coração tão fervoroso como tinha então...

37. Com que fé participava de todas as celebrações de nossa santa religião! As que mais me agradavam eram as do Santíssimo Sacramento. Nessas, eu participava com uma devoção extraordinária e grande satisfação interior. 35 Além do bom exemplo que em tudo me dava meu querido pai, que era devotíssimo do Santíssimo Sacramento, tive a sorte de que viesse parar em minhas mãos um livro com o título Finezas de Jesus Sacramentado. Como gostei dele! Aprendia-o de memória, tamanha a afeição por ele. 36

38. Aos dez anos, deixaram-me comungar. Não consigo explicar o que se passou comigo naquele dia em que tive a imponderável felicidade de receber pela primeira vez, em meu peito, o meu bom Jesus… E, desde então, sempre mais freqüentei os santos sacramentos da penitência e comunhão. Porém, com que fervor, com que devoção e amor! Mais que agora, sim, mais que agora, digo-o com humilhação e vergonha. Agora que tenho mais conhecimentos que então, agora que assimilei uma imensidão de benefícios recebidos desde aqueles primeiros dias, por graça deveria ser um Serafim de amor divino, no entanto sou o que Deus sabe. Quando comparo meus primeiros anos com os dias presentes, me entristeço e choro e confesso que sou um monstro de ingratidão.

39. Além da santa missa, da comunhão freqüente e das celebrações do Santíssimo Sacramento, das quais participava com tanto fervor pela bondade e misericórdia de Deus, assistia também todos os domingos, sem faltar nenhum dia, mesmo que fosse de festa, ao catecismo e à explicação do santo evangelho, ministrado pelo próprio pároco. Esses exercícios terminavam à tarde com a oração do santíssimo rosário.

40. Participava das celebrações de manhã e à tarde. Ao anoitecer, quando já não havia ninguém na igreja, eu para lá voltava e sozinho me entretinha com o Senhor. Com que fé, confiança e amor falava eu com o Senhor, com meu bom Pai! Oferecia-me mil vezes a seu santo serviço, desejava ser sacerdote para consagrar-me dia e noite ao seu ministério. Recordo-me que lhe dizia: Humanamente não vejo nenhuma esperança, porém vós sois tão poderoso que, se quiserdes, arranjareis tudo. Lembro-me de que com toda confiança me abandonei em suas divinas mãos, esperando que ele dispusesse o que deveria ser feito. E assim foi, como direi mais adiante. 37

41. Também veio parar em minhas mãos um pequeno livro chamado O Bom Dia e a Boa Noite. 38 Oh! Quão proveitosa me foi a leitura desse livro! Após a leitura de cada pequeno trecho, apertava-o contra o peito, levantava os olhos rasos de lágrimas ao céu e exclamava dizendo: Ó Senhor, que coisas tão boas eu ignorava! Ó Deus meu! Ó Amor meu! Quisera sempre vos ter amado!

42. Ao considerar os grandes benefícios recebidos através da leitura de bons e piedosos livros, razão pela qual procuro distribuir em grande profusão livros desse estilo, esperando que meu próximo, a quem tanto amo, alcance tantos benefícios quanto eu na sua leitura. Quem me dera que todas as almas conhecessem a bondade de Deus e o quanto nos ama! Ó Deus meu, fazei que todas as criaturas vos conheçam, vos amem e vos sirvam com toda fidelidade e fervor! Ó criaturas todas, amai a Deus, porque é bom, porque é infinita sua misericórdia... 39


Capítulo VII
Primeira devoção a Maria santíssima

43. Já na minha infância e juventude, professava uma cordial devoção a Maria santíssima. Oxalá tivesse agora a devoção de então! Valendo-me da comparação de Rodríguez, 40 sou como aqueles criados velhos das casas dos grandes que quase não servem para nada, considerados como trastes inúteis, conservados na casa mais por compaixão e caridade que pela utilidade de seus serviços. Assim sou eu no serviço da rainha dos céus e da terra: por pura caridade e misericórdia me agüenta e, para que se veja que é verdade, sem exagero, para humilhação minha, direi o que fazia em obséquio a Maria santíssima.

44. Ainda pequeno, deram-me um rosário, que agradeci muitíssimo, como se recebesse um grande tesouro. Com ele rezava, junto com as demais crianças da escola. Ao sair das aulas, à tarde, formando duas filas, íamos à igreja próxima, e todos juntos rezávamos uma parte do rosário, dirigida pelo professor. 41

45. Ainda criança, encontrei em minha casa um livro que se intitulava El Roser, o Rosário. Nele estavam os mistérios do rosário com desenhos e explicações análogas. 42 Aprendi com aquele livro a rezar o rosário, com seus mistérios, ladainhas e outras orações. Quando o professor tomou conhecimento disto, ficou contentíssimo e colocou-me a seu lado na igreja para que eu dirigisse o rosário. Os demais meninos, ao ver que com isso agradava o professor, o aprenderam também e, a partir daí, íamos alternando por semanas, de modo que todos aprendiam e praticavam esta santíssima devoção que, depois da missa, é a mais proveitosa.

46. Daí por diante, rezava, não só na igreja, mas também em casa todas as noites, conforme dispunham meus pais. Concluída a primeira alfabetização e com trabalho fixo na fabrica, como disse no capítulo quinto, diariamente rezava três partes e também rezavam comigo os demais trabalhadores. Eu dirigia e eles respondiam, enquanto trabalhavam. Rezávamos uma parte às oito, antes do café da manhã, outra antes das doze, hora do almoço, e outra antes das nove da noite, hora do jantar.

47. Além de rezar o rosário nos dias de trabalho, rezava também uma Ave-Maria a cada hora do dia e a oração do Angelus Domini (O Anjo do Senhor) em sua devida hora. Nos dias de festa passava mais tempo na igreja do que em casa, porque quase não brincava com as demais crianças. Entretinha-me em casa e, enquanto estava assim, inocentemente entretido em algo, parecia ouvir uma voz; era a Virgem que me chamava para que fosse à igreja, e eu dizia: Já vou, e ia logo.

48. Nunca me cansava de estar na igreja diante de Maria do Rosário. Falava e rezava com tanta confiança com a convicção de que a santíssima virgem me ouvia. 43 Tinha a impressão de que da imagem, diante da qual orava, existia como que um fio de ligação até a original, que está no céu. Sem ter visto naquela idade o telégrafo elétrico, eu imaginava como se existisse um telégrafo daquela imagem até o céu. Não sei explicar, mas orava com mais atenção, fervor e devoção do que agora.

49. Amiúde, desde pequeno, acompanhado de minha irmã Rosa, que era muito devota, ia visitar um santuário de Maria santíssima, chamado Fusimanha, distante aproximadamente seis quilômetros de minha casa. Difícil explicar a devoção que sentia nesse santuário. Avistando a capela ao longe, antes de lá chegar, sentia-me comovido, meus olhos enchiam-se de lágrimas de ternura. Tomávamos o Rosário e íamos rezando até chegar ao local. Visitei essa devota imagem de Fusimanha sempre que me foi possível, não somente quando criança, mas também como estudante, sacerdote e como arcebispo, antes de ir à minha diocese. 44

50. Meu maior prazer era trabalhar, rezar, ler e pensar em Jesus e em Maria santíssima. Por isso gostava muito de guardar silêncio. Falava muito pouco. Comprazia-me estar sozinho para não ser incomodado nos meus pensamentos. 45 Sempre estava contente e alegre. Vivia em paz com todos. Jamais briguei, nem tive rixas com ninguém, nem de criança nem como adulto.

51. Enquanto estava muito alegre e ocupado com estes santos pensamentos, eis que, de repente, tive uma tentação das mais terríveis e blasfemas contra Maria santíssima. Foi o maior sofrimento de minha vida. Lutava com todas as forças para livrar-me dela. Preferia estar no inferno para que se afastasse. Não comia, nem dormia, nem podia olhar para sua imagem. Quanto sofrer! Confessava-me, mas como era muito jovem, não sabia explicar-me. O confessor passou a não dar importância alguma ao fato, e eu continuava no mesmo sofrimento. Ó que amargura! A tentação durou até que o Senhor se dignou livrar-me dela. 46

52. Posteriormente, tive outra tentação, esta contra minha mãe, que me amava muito e eu também a ela. Apoderou-se de mim muito ódio, imensa aversão contra ela. Eu, porém, procurava tratá-la com carinho e humildade, para poder vencer semelhante tentação. Lembro-me que ao contar ao diretor espiritual a tentação que sofria e o que fazia para vencê-la e superá-la, perguntou-me: Quem te disse que praticasse essas coisas? Respondi-lhe: Ninguém, senhor. Então me respondeu: É Deus quem te ensina, filho; avante, sê fiel à graça.

53. Diante de mim, meus companheiros não se atreviam a falar palavrões nem manter conversas maliciosas. Certa vez, por acaso, encontrava-me numa reunião de jovens, pois geralmente eu me afastava de tais rodinhas, porque conhecia a linguagem que se usa em tais ambientes. Foi aí que um dos jovens mais velhos me disse: Antônio, afasta-te de nós, pois queremos falar besteiras. Agradeci-lhes pelo aviso e fui embora sem jamais voltar a procurá-los.

54. Ó meu Deus! Como tendes sido bom para comigo! Oh! Como tenho correspondido mal às vossas finezas! Se Vós, Deus meu, tivésseis dado essas graças a outro qualquer, teria correspondido muito melhor que eu. Que humilhação, que vergonha, no dia do juízo, quando me disserdes: Redde rationem villicationis tuae? (Presta conta de tua administração). 47

55. Ó Maria, minha mãe! Quanta bondade tendes tido para comigo e quão ingrato sou para convosco! Sinto-me confuso e envergonhado: Minha mãe, desejo amar-vos daqui para diante com todo fervor; e não só eu vos amarei, mas procurarei fazer que todos vos conheçam, vos amem, vos sirvam, vos louvem, rezem o santíssimo rosário, devoção que vos é tão agradável. Ó minha mãe! Ajudai-me na minha debilidade e fraqueza, a fim de cumprir minha resolução.

Continua...

Respeito humano, parte II



Cônego Júlio Antônio dos Santos
O Crucifixo, meu livro de estudos - 1950

V - Preparação para a luta contra o respeito

1-      Estudo

Há uma grande falta de noções precisas e firmes sobre a religião. Devemos, pois, fazer um estudo pessoal, graduado, perseverante sobre Deus, Jesus Cristo e a Igreja, e sob a direção da mesma Igreja.

2-      Reflexivo

Todo o estudo deve ser acompanhado de reflexão. A reflexão, diz Rouzic, é atmosfera intelectual que permite à verdade arreigar-se em nós. Doutro modo, a verdade fica em nós à flor da alma como uma semente lançada à superfície do solo e que é levada pelo vento.

3-       Divisa

Devemos tomar uma divisa que encara, por assim dizer, a alma destas reflexões divinas, que devemos trazer muitas vezes à lembrança, sobretudo nas horas de luta; como por exemplo: Non erubesco Evangelium, eu não me envergonho do Evangelho: ou esta outra: Mihi autem pro minimo est ut a vobis judicer, não faço caso algum dos vossos juízos a meu respeito. Assim falava com altivez São Paulo diante dos gregos e dos romanos, diante da sua civi1ização e das suas divindades. “O meu Deus e a minha  consciência eis os meus únicos juízes”.

4-       Aliança

Os aliados do cristão são Deus e o próximo. Deus.
- Deus é aliado de todo o homem. Todavia, para vir a nós e nos armar com a Sua força, devemos recorrer:

1.º A oração. - A oração é o tratado de aliança que determina a assistência divina. A oração põe a força de Deus à disposição da fraqueza humana, sobretudo a oração ao Espírito Santo, o inspirador do heroísmo dos confessores e mártires. A recitação piedosa e ardente doVeni Sancte Spiritus ou do Veni Creator dá à nossa alma um banho de energia e daí sai pronta para todos os combates.

2.º A comunhão. - Pela comunhão digna, fervorosa, frequente, colocamos a força de Deus dentro de nós; e então podemos exclamar com São Paulo: Cum infirmor tunc potens sum; Omnia possum in eo qui me confortat, sou fraco e sou forte, tudo posso nAquele que me conforta.

3.º Tradições de família. - Depois de Deus temos o nosso próximo como aliado. Há homens maus ou fracos que nos provocam às ações do respeito humano. Há também homens fortes na virtude que nos encorajam ao respeito divino. Dos nossos antepassados para nós e de nós para os nossos descendentes há laços de solidariedade. A educação recebida, o exemplo dado por nossos pais são outras tantas vozes a incutir-nos coragem no cumprimento dos nossos deveres religiosos e assim como nós o seremos para os nossos vindouros.
Pertencemos a famílias católicas de quem temos recebido sublimes lições e grandes exemplos que devemos seguir e imitar para não degenerarmos.

VI - Luta contra respeito humano

1-      Defesa

Quando estamos numa conversa em que a religião, a piedade, a caridade, a pureza ou outra virtude cristã são atacadas ou metidas a ridículo ou quando nos é proposta a prática de um ato que a nossa consciência reprova, três atitudes são possíveis: o silêncio reprovador, o afastamento, a ofensiva.
A abstenção silenciosa basta às vezes para mostrar que não se pactua com o erro e para protestar contra o mal.
O afastamento, o abandono de uma má companhia, onde a lei de Deus é transgredida é também um protesto contra o mal. A liberdade de se ir embora, de se afastar, dizia Lacordaire é antes de tudo, liberdade de um homem que tem sentimentos nobres; e desgraçado daquele que a não possui, ou que se não atreve a fazer uso dela.

2-       Ofensiva

A ofensiva, a resposta, é o terceiro meio de resistir. Quando, pois, são atacadas as verdades em que nós acreditamos ou as virtudes que praticamos, o dever é, muitas vezes, reagir diretamente, ripostar. Uma resposta bem dada, anima os bons, abala os indecisos, ganha os indiferentes e lança, no espírito dos maus centelhas de luz que lhes mostram o bom caminho e que, em tempo oportuno, seguirão, porque, graças a Deus, a verdade e o bem tem os seus triunfos.
Em 1844, Montalembert dizia na Câmara dos pares: “Nós somos filhos de mártires, não temos medo dos filhos de Juliano Apóstata; somos descendentes dos cruzados, não recuamos diante dos descendentes de Voltaire.”
Os maus, muitas vezes, não falam, não operam, não triunfam senão devido à abdicação dos bons que se calam, que tem medo. Basta proclamarmos altivamente: sou cristão! Esta palavra tem vencido o mundo e vence e desarma os nossos inimigos.
Quando se quer verdadeiramente ganhar terreno e obter a vitória final é preciso tomar a ofensiva.
Nas lutas morais como nas guerras entre as nações os triunfos decisivos pertencem aqueles que tomam a ofensiva. Não devemos, pois, dissimular a nossa bandeira, mas mostrá-la ostensivamente; não deixemos de praticar um ato religioso, mas façamo-lo com toda a perfeição e com reta intenção, isto é, para maior glória de Deus.
Por quanto tempo da nossa vida durarão tais insultos e tão trabalhoso viver? Até ao dia de juízo e não mais. Neste grande dia que regozijo o nosso em estarmos de rosto firme e maravilhosa constância acusando os que nos atribularam e oprimiram.
Sabeis o que me lembra quando trato de representar essa alegria! Afigura-me ver Noé encerrado na arca misteriosa.
Nunca homem algum foi tão insultado como o bondoso Noé, Vivendo no meio de um povo desenfreado, sem Deus, sem mandamentos, sem vergonha, brilhava em toda a espécie de virtudes e por isso era escarnecido ou insultado por todos.
Quando, porém, Deus mandou a Noé que construísse uma arca ou casa flutuante para nela se refugiar e salvar do dilúvio universal: Oh! que ocasião esta para gracejarem com o servo de Deus.
Quando viram passar anos e anos, e Noé cada vez mais afadigado na construção da arca, e sem o menor vestígio de castigo apesar das tremendas ameaças de Noé, em nome do Senhor, oh! então reuniam-se em volta da arca, escarneciam do santo velho, chamando-lhe, à boca cheia, mentiroso e doido! E ao verem depois que, muito à pressa, se metia na arca com toda a sua família, como cresciam as chutas e gargalhadas, os gracejos e insultos! - Olhe o dementado velho, nem ao menos quer respirar livremente o ar que Deus lhe concedeu, ele mesmo preparou a sepultura e se enterra em vida. Com certeza é doido: teme que as águas o afoguem e não teme que o despedacem as feras, leões e tigres! Nestes e semelhantes termos escarneciam de Noé enquanto ele entrava para a arca. Tão cegos estavam e tão empedernidos eram os seus corações.
Quando, porém, dali a sete dias, começou a chover torrencialmente, a transbordarem os rios, a espraiar-se o mar, e as águas elevarem-se acima das mais altas montanhas, que cena tão diferente da primeira, que sentimentos tão contrários! Entre o fragor das tempestuosas nuvens que parecia o estrondo de cem batalhas, entre o sibilar dos ventos que, gemendo tristemente, pereciam lamentar a agonia do mundo entre a gritaria dos que fugiam e o clamor dos que se afogavam e os ais dos que por toda a parte morriam, diz Segneri, só a arca do varão justo ia intrépida entre tantos sobressaltos e segura no meio da desolação universal: não é um cárcere de ignomínia é um carro triunfal.
Às sortes estão trocadas e mudadas a fortuna. Vós escarneceis de mim, dizia o servo de Deus, porque não tomava parte nos vossos torpes passatempos; motejáveis de mim com delírio porque me fui encerrar neste cárcere; agora é tempo de eu escarnecer de vós, vendo-vos sumir como o chumbo no fundo do mar.
Não é mais invejável a sorte de Noé do que a sorte dos malvados escarnecedores? Tal será, pois a nossa sorte se permanecermos firmes entre os escárnios dos maus. Riem-se agora de nós porque recusamos fazer-lhes companhia nas festas e diversões, motejam-nos porque preferimos passar os dias encerrados em casa ou nalguma igreja, a passear por praças e jardins atrás das vaidades do mundo ou do desenfreamento da carne.
Mas ai! Quão breve é o seu riso! Quão passageiras as suas zombarias!
Quando estalar aquela tempestade, não de água, mas de fogo, onde se refugiarão os infelizes!
Quererão alcançar um cantinho na nossa arca, mas em vão.
VII- Vantagens da vitória sobre o respeito humano

Mostramos que somos cristãos. - Nós, cristãos, por quem Jesus Cristo deu a Sua vida, a quem Jesus Cristo trata não como servos, mas como amigos, devemos preferir a qualidade inestimável e o belo nome de cristão, a toda a glória humana; devemos confessar publicamente o Seu santo nome não somente no conselho dos justos, mas ainda, e principalmente, no meio da assembléia dos pecadores; cumprir a Sua lei, praticar os nossos deveres sem temores, nem respeitos humanos. 
Quais são as ameaças ou os suplícios que detém um cristão na confissão da sua fé, no serviço de Deus? 
Ameaçado de lhe tirarem os bens, São João Crisóstomo responde: tudo o que possuo é dos pobres; tirando-mos não fazeis injustiça a mim, mas aos pobres; ameaçado na sua liberdade responde: Eu beijarei com amor as cadeias que me prendem porque ao menos sou livre em Jesus Cristo; ameaçado de exílio responde: A minha verdadeira pátria é o Céu; ameaçado na sua vida responde: Chegarei mais depressa ao Céu, a ver a Deus, único fim de todos os meus desejos. 
E esta atitude de São João Crisóstomo tem sido a de doze milhões de mártires e de uma multidão inumerável de cristãos a quem nem a pobreza, nem o pecado, nem a morte, nem a fraqueza, nem as cruzes, nem os dentes das feras podem levar a praticar um ato de condescendência reprovado pela sua consciência; - Nego a Cristo! 
- Os cristãos fracos temem um sorriso à flor dos lábios, uma troça. 
Durante as perseguições dos primeiros séculos do Cristianismo, um humilde cristão foi preso e conduzido diante da estátua de Júpiter. Dizem-lhe aí:
- “Lança incenso no fogo e sacrifica aos nossos deuses!”
- “Não!” responde ele energicamente. 
Começam a torturá-lo; não se queixa. Levantam-lhe o braço de maneira que a mão fique, precisamente, em cima da chama e põem-lhe incenso na mão:
- “Deixa cair o incenso e deixamos-te ir em liberdade!”
- “Não!” responde ainda Barlaam. E fica imóvel de braço estendido. 
A chama eleva-se e começa a lamber a mão; o incenso fumega já; mas o homem não se move. A mão queima-se com o incenso, mas Barlaam prefere o martírio a renunciar à sua fé, ao seu Deus. - Um coração de bronze! 
Quando Madalena soube que Jesus se encontrava em casa de Simão, tomou um vaso de alabastro cheio de aromas e foi a toda a pressa derramá-lo sobre a cabeça do Salvador. E logo começaram muitos a murmurar, a indignar-se, a ranger os dentes, dizendo: Ut quid perditio haec? Para quê este desperdício? Quantos pobres morrem de fome e de frio e que ela poderia alimentar e vestir, se, em vez de ir comprar aromas, fosse comprar pão e agasalhos para os pobres! Ela que tinha gasto tanto dinheiro em jóias, banquetes e diversões! Pensais que então algum lhe chamava esbanjadora, cara a cara? Pelo contrário, todos aplaudiam os seus excessos. Quando, porém, faz das suas profanidades um ato de culto ao seu Deus a quem tão tarde começou a amar, eis que imediatamente se soltam as línguas em mil afrontas, assanham-se contra ela e ultrajam a pobre mulher. 
Vejamos, por aqui, quanto parecida foi, em todos os tempos, a sorte daqueles que se resolveram a voltar as costas ao mundo e servir generosamente a Jesus Cristo. “Todos aqueles que querem viver piedosamente em Jesus Cristo, diz o Apóstolo, hão-de sofrer perseguição.” (II Tim. III, 12). 
Tornamo-nos semelhantes a Jesus Cristo. - Na vida de Santo Henrique Suso conta-se que o servo de Deus fazia as mais ásperas penitências; mas, em certa ocasião, disse-lhe Deus que ainda tinha de sofrer coisa de maior merecimento e custo e que, para saber o que era, abrisse a porta da cela. Assim o fez. E viu no dormitório um cão com um trapo na boca e umas vezes o mordia e outras vezes o lançava para um canto. Disse-lhe Nosso Senhor que se dispusesse a ser tratado como aquele trapo e aprendesse dEle a sofrer, ainda que o desprezassem e mordessem com injúrias. 
Começaram, em breve, as perseguições e aos olhos do mundo, parecia um trapo desprezível, mordido dos cães furiosos e aos olhos de Deus, era uma pedra preciosa de muito valor que com aqueles golpes ficava cada vez mais polida. 
Porque é que valem mais as perseguições e injúrias sofridas com humildade e paciência do que penitências feitas com rigorosa austeridade? É que assim nos tornamos mais semelhantes a Jesus Cristo. Foi humilhado na Sua divindade na Sua alma e no Seu corpo. 
Portanto a tinta das injúrias, que a muitos só parece lançar no crédito, é na verdade, a tinta com que se tem feito preciosas cópias e retratos de Jesus Cristo.
Alcançamos muitos méritos. - Qual foi o principal merecimento do patriarca Abraão no seu sacrifício? Foi a obediência pronta, heróica, em executar as ordens de Deus? Não: o principal mérito do santo patriarca consistiu em não olhar ao que dirão, em desprezar com espírito magnânimo os ditos a que a sua obediência o expunha.
Vendo-o tomar o cutelo, diriam: aquilo é um bárbaro: vendo-o descarregar o golpe, sem derramar uma lágrima, sem lançar um ai, sem desviar sequer o rosto, acrescentariam: aquilo é um tigre e não um homem, um algoz e não um pai! 
Não temeu, diz São Zenão, que o tivessem por cruel e filicida: antes, para mostrar a sua submissão, alegrava-se de Deus, Nosso Senhor, lhe ter ordenado sacrifício tão penoso. Está nisto o incomparável mérito do grande patriarca. 
Imaginemos que todo o mundo em vez de nos escarnecer e motejar nos louva e aplaude por sermos cristãos. Neste caso, quem deve e a quem? Deus a nós ou nós a Deus? “Os devedores, somos nós a Deus, diz São João Crisóstomo, devedores lhe somos da honra que nos tributam; mas se somos escarnecidos e motejados por Sua causa, Deus se faz nosso devedor.” Que coisa podemos desejar mais do que ter próprio Deus por devedor? Deus paga, cento por um, neste mundo e depois, o reino dos Céus. 

Reflexões e resoluções. - Agora, com os olhos da minha alma fixos em Jesus Crucificado, faço reflexões sobre a virtude sobrenatural da fé e tomo as resoluções de desenvolver e aperfeiçoar em mim esta grande virtude pela oração, dizendo com os Apóstolos: Senhor, aumentai em mim a fé; pelo exercício constante praticado, frequentes atos de fé como está escrito: “O justo vive da sua fé” e de professar sem temores nem respeitos humanos, de maneira que à hora da minha morte possa repetir como o Apóstolo São Paulo: - Cursum consummavi, fidem servavi; cheguei ao fim da minha vida e, durante toda ela, mostrei por obras que fui sempre verdadeiro cristão.
Maria Santíssima, minha boa Mãe, ajudai-me a ser fiel a estas resoluções. Assim seja

Fonte: http://a-grande-guerra.blogspot.com.br/2012/12/respeito-humano.html